Multimídia, interatividade e a experiência do usuário (UX)
Seria muita pretensão de nossa parte achar que a experiência interativa é uma invenção digital recente. Em 1607, na cidade de Veneza, o público se deslumbrava com a Ópera da mesma maneira que nós quando jogamos no Switch , sim, sou Nintendista assumido.
MUNDO DIGITAL
Fábio Flatschart
4/24/20242 min read


Seria muita pretensão de nossa parte achar que a experiência multimidiática interativa é uma invenção recente e que foi alavancada pela descoberta de novas ferramentas e dispositivos digitais.
A associação entre som e imagem acompanha o homem desde os seus primórdios, como forma de comunicação e como manifestação religiosa ou artística. Não podemos precisar como de fato isto ocorria, mas a ânsia da humanidade em vivenciar de maneira integrada os sentidos é registrada ao longo da história na busca de inter-relações entre as formas de expressão dos sentidos e as manifestações artístico-culturais.
Em 1607 anos estreava em Veneza o Orfeo - Favola in Musica, do compositor italiano Cláudio Monteverdi, obra que contava através da música e do teatro o mito grego de Orfeu que desce até o Hades a procura de sua amada (Euridice), fundamentando o gênero musical que hoje chamamos de ópera.
A junção do texto com a música, a organização dos instrumentos musicais por famílias (cordas, sopros, percussão) a cenografia, a coreografia, os figurinos e a roteirização de tudo isto em um único documento – a partitura (antes cada músico/ ator tinha sua parte separada) - é um marco da linguagem audiovisual e um ancestral primitivo da multimídia moderna. Em 1607, na cidade de Veneza, provavelmente o público se deslumbrava da mesma maneira que nós quando jogamos no Switch , sim, sou Nintendista assumido.
Literatura, Pintura, Música, Arquitetura são sempre recortes de uma realidade maior, recortes feitos com a matéria prima que lhes são inerentes: O texto, a cor, o som, a forma. O primeiro artista a pensar estes elementos de uma forma realmente integrada foi o compositor alemão Richard Wagner (1813 - 1883)
Wagner imaginava um universo expressivo onde a música e o teatro seriam o centro nevrálgico de uma experimentação complexa e multissensorial que ele chamava de Gesamtkunstwerk (Obra de Arte Total) uma integração dos meios artísticos que buscava recriar e ampliar muitos dos conceitos praticados pelo teatro clássico grego.
Esta forma de entender e abraçar a produção cultural que permeia a obra Wagneriana tem suas raízes teóricas no ensaio que o compositor escreveu em 1849 intitulado Das Kunstwerk der Zukunft (A Arte do Futuro) onde ele traça os primeiros esboços do que seria a sua visão do processo de unificação das artes em torno do tripé: Dança Música e Poesia.
Wagner aplicou a maior parte dos princípios da arte total no Bayreuth Festspielhaus (Teatro do Festival de Bayreuth). Inaugurado em 1876, o projeto arquitetônico teve a sua colaboração pessoal e viabilizava inovações que buscavam a experimentação perfeita: Escurecimento da plateia, inclinação dos assentos, recursos cenográficos / arquitetônicos que favoreciam a reverberação do som em mais de um canal. User Experience, 148 anos atrás!
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